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Obesidade: utilização do alimento para alívio da angústia

uma visão psicanalítica

 

Segundo Freud, a felicidade da vida é buscada predominantemente pela fruição da beleza, postula, que a atitude estética em relação ao objetivo da vida , oferece muito pouca proteção, contra a ameaça do sofrimento, embora possa compensá-la bastante.


O belo encanta o olhar e convida ao encontro com o outro. Aqui, considereremos o olhar como forte registro, na constituição do sujeito, não apenas o olhar do visível com os olhos, e sim, o perceptível sensorialmente ao mundo e a sí próprio. Na constituição do sujeito, é no perpassar a fase do espelho que o olhar se depara com o princípio da realidade, e com a tênue separação da realidade psíquica com a realidade externa, assim como, com a noção do eu e do outro.


O obeso, por não brilhar aos olhos do outro, ele sofre no silêncio consigo mesmo, engole o mundo em uma passividade que recorda a fase oral, fixada no obeso, cuja repetição, firma-se no erotismo oral. O obeso caminha rumo ao alimento por questões singulares de sua história de vida. O descontrole na quantidade de alimentos ingeridos, em paralelo com a falta de disciplina, nos horários observados, nos faz regressar ao estudo e investigação, da fase oral, quando o peito da mãe era oferecido sob a mais leve irritação.
A cultura do belo é, na verdade, a cultura do afastamento de sí próprio sob máscaras de ilusões da tão sonhada completude, felicidade e modêlo narcísico.


Questões psíquicas afetam o biológico que reflete no social, que se volta ao corpo, e com maior intensidade ao psíquico.


Se estamos inclinados ao agora e temperados a abandonarmos buscas longas,esqueçemos um pouco o desejo, causador dos sonhos, não só os noturnos, mas também os diurnos, que chamaremos de sonhos sociais, aquele que mune os projetos para o futuro. Os planejamentos que nos levariam a realização desses sonhos, ganham corpo ao se atualizar,para satisfação imediata, no agora.


O obeso elege alimentos que carregam em sí significantes que o remetem aos processos psíquicos. Quando está amargurado, alimenta-se de dôce,para adoçar-se. Os alimentos gordurosos o elevam a uma sujeira que incorpora em sí a falta de manifestação pulsional. Satisfaz momentaneamente o afeto, mantendo intacta a idéia, cujo objetivo de comer tende a isolar. Sua baixa resistência a frustração o faz tentar recompensar pela comida. O sujeito tem fome pulsional como saída de um desamparo, escolhe o que comer, mas não quando parar de comer, é um sujeito fortemente reprimido.


O obeso, assim como aquele que tem uma questão mal resolvida, sente-se sensível em relação aos discursos sobre seus representantes, neste caso a comida.

Referência: Revista psique
Freud.S.A interpretação dos sonhos.Obras completas.1900
Gradiva de Jensen.Obras completas 1906
O inconsciente.Obras completas 1915

 

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